sábado, 25 de julho de 2009

Mulheres de Coragem

Jane Kelly, Jéssica, Flávia e Giseli, da turma 702, fizeram uma pesquisa sobre as mulheres de coragem na Historia. Encontraram diversos nomes, inclusive de algumas brasileiras. Uma parte desta pesquisa esta descrita aqui:

“As mulheres que participaram de movimentos políticos e revoluções, não concordando com a repressão, guerreando, lutando contra as injustiças e por causas sociais, entraram para a historia pelo espírito de liderança e perseverança; porém todas elas foram severamente punidas. Muitas mulheres do mundo todo foram presas, martirizadas e na maioria das vezes pagaram pelos seus atos de bravura e coragem com a vida.”

Teresa de Méricourt, francesa, século 18.
Em 05 de outubro de 1789 esteve à frente da marcha popular de Versalhes clamando por mais pão e menos leis.

"A Liberdade guiando o Povo", de Eugène Delacroix. França, 1830.

Olympe de Gouges, francesa, século 18.
Condenada à morte e guilhotinada em 1793 por “ter querido ser um homem de Estado e ter se esquecido das virtudes proprias do seu sexo”.
Ana Campista, brasileira, século 18.
Acusada de adultério, foi encaminhada a um abrigo de prostitutas. Rebelou-se contra esta imposição, provocou um incêndio na construção e conseguiu fugir.
Emma Goldman, russa, século 19.
Migrou para os EUA em 1882 e acompanhou o movimento operário pelas oito horas de trabalho. Militante anarquista, foi presa e deportada. Percorreu vários países, lutando pela causa operaria, pelos direitos da mulher e pelo amor livre.
Bárbara de Alencar, brasileira, século 19.
Foi um dos libertários que em 1817 retomou a luta pela independência no nordeste do Brasil. Participou da Confederação do Equador, luta em que perdeu seus bens e dois filhos. Foi a primeira mulher presa por motivos políticos, condenada por liderar o movimento que proclamou a República do Crato.
Rosa Luxemburgo, polonesa, século 20.
Ativista política, foi perseguida e condenada à prisão. Fugiu para a Alemanha e voltou à Rússia em 1905 para participar da insurreição contra os czares, sendo presa por suas atividades.
Felipa de Souza, portuguesa, século 16.
Veio para o Brasil e em 24 de janeiro de 1592 foi condenada pelo Tribunal do Santo Ofício por lesbianismo. Segundo os registros da época, foi a mulher mais humilhada e castigada da Colônia. Teve seu nome atribuído ao principal premio internacional dos direitos humanos dos homossexuais: “Felipa de Souza Award”.

A pesquisa sobre essas mulheres guerreiras foi desenvolvida a partir do site sobre Bárbara Alencar, onde há uma lista com outros nomes que incluem as brasileiras Pagu, Nise da Silveira e Dilma Rousseff, a alemã/brasileira Olga Benário, a norte americana Rosa Parks e as nigerianas Safiya e Amina.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Sobre as Barras de Vídeos

Barra de Vídeo "Os Miseráveis"

Apresentação de obras derivadas do romance "Les Miseràbles", de Victor Hugo, escritor francês do século XIX, objeto de trabalho em 2007:
  • Parte do filme de 1998, que mostra o encontro e o romance das personagens Cosette e Marius;
  • Primeira parte de animação baseada no musical Les Miseràbles, desenvolvido para o teatro;
  • Evento comemorativo em que se apresentam dezessete intérpretes de Jean Valjean, protagonista do musical e da obra literária;
  • Alessandra Maestrini, a "Bozena" da serie televisiva "Toma Lá Dá Cá", interpreta, através da personagem Fantine, a versão da canção "I dreamed a dream" (Eu sonhei um sonho) - a mesma cantada pela então caloura inglesa Susan Boyle.
Barra de Vídeo "Fale Sem Medo"

Vídeos desenvolvidos para a Campanha do Instituto Avon contra a Violência Doméstica. Em http://www.falesemmedo.com.br .

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Fazendo o Futuro

Conversa com Alamir Penna Gonçalves, mais conhecido como Alamir do Vime, aluno do 6º ano da EJA.

Seu Alamir contou a historia de como foi morar nas ruas após uma crise de depressão depois da morte de um ente querido.

Como o senhor saiu das ruas?

“Eu consegui quando alguém chegou para mim e me pediu ajuda para fazer um jardim. Foi em sete de setembro de 1985.”
“Fui no dia seguinte, a pé até São Francisco. Ele não me pediu para tomar banho, nem para mudar de roupa. No final do trabalho, à tardinha, ainda me deu cinco cruzados. Eu perguntei se podia voltar no outro dia, e acabei ficando uns quatro dias. No terceiro dia ele me perguntou se eu queria trocar de calça para trabalhar (olha só a esperteza, ele não me ‘deu’ uma roupa, ele valorizou a que eu tinha!).”
“No dia onze eu tomei meu primeiro banho em muito tempo. Foi na rodoviária, a água estava muito quente. O pessoal zombava: Ih, vai incendiar a rodoviária!”
“Aí fui crescendo. Quinze dias depois voltei a trabalhar na minha profissão.”

Como o senhor começou a trabalhar com os outros moradores de rua?

"Foi meio sem querer. Eu trabalhava com vime ali em Icaraí e via os pivetes abordando os garotos que voltavam da escola, ameaçando e pegando as coisas deles. Um dia pedi a um para comprar um biscoito, ele foi e me deu o troco direitinho. Então comecei a fazer amizade com eles e pedi para me ajudar. E comecei a dar comissão a eles. Nunca aconselhei: não faz isso, isso ta errado.”

Seu Alamir faz uma ressalva quanto às críticas. Diz que quem faz uma crítica, se sente superior, e isto fere quem é criticado. Por isso, ele acha que não há crítica construtiva. Para ele, apontar o erro não é bom, pois desvia do objetivo principal. E ilustra o que pensa desta forma:

“Quando você vai atravessar a pinguela, tem que olhar para frente. Não se deve criticar ninguém, mas mostrar o que é bom para ele. Tem que mostrar, mas com jeitinho. Não pode criticar para não confrontar, o que é ruim ele já conhece.”


No meio de nossa conversa, Seu Alamir mostra as fotos dos meninos que ajudou a sair das ruas. Diz onde estão agora, trabalhando, estabelecidos e com futuro. (Eles estão sorrindo nestas fotos). Mostra também pequeno cartaz de um menino cuja família está a procurar, e que está empenhado em ajudar: ele sabe a dor da família que tem um ente querido “perdido” nas ruas. Ele reafirma sua historia diante dos demais, espera poder auxiliar o menino e sua família.

“Não tenho vergonha de falar sobre o que eu era. Todo aquele que esquece o seu passado, está condenado a repeti-lo. Hoje sou feliz, com minha esposa e meus filhos, estou aprendendo a conviver com os meus problemas.”


Sobre sua família, Seu Alamir é só elogios: o filhos são bons e a esposa é amiga, companheira e o ajuda muito, um Mulherão – como ele fez questão de demonstrar quando a professora Audrey pediu para fazer um trabalho (linha da vida) sobre uma mulher importante da historia: sua esposa foi a escolhida.
Seu Alamir gosta de falar, como ele mesmo afirmou. E com tanta coisa para contar, perguntei-lhe se já havia pensado em escrever um livro.

“Já. Por isso voltei à escola. Eu tentei, mas tenho muitos erros de Português.”


Ele havia pedido a ajuda de alguém que veio a falecer. Então sugeri que escrevesse com a ajuda do computador. Seu Alamir aprova a idéia com entusiasmo - já havia inclusive pensado nisso! (Quem sabe daqui a pouco ele não estará escrevendo suas vivencias e seus saberes na forma de um blogue...)
Sobre seus antigos e atuais problemas, Seu Alamir comenta:

“A depressão é um caso serio, tem que tomar cuidado. Tem que fazer acompanhamento, seguir a orientação do médico.”


Mas, resumindo o que ele pensa sobre problemas, seu jeito próprio de ser e ver o mundo, transcrevo aqui o que ele disse ainda no começo da nossa conversa:

“Feliz quem tem problemas. Só os mortos e alienados não os têm. Se a gente tem problema, tem vida.”


Que a historia de seu Alamir possa servir de exemplo e ajudar a muita gente...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Não dê esmola, dê futuro.

Conversa com Alamir Penna Gonçalves, mais conhecido como Alamir do Vime, aluno do 6º ano da EJA.

Não dê esmola, dê futuro. Este é o slogan que Seu Alamir faz questão de reafirmar depois de contar sua historia, pois para ele a frase não é só um amontoado de palavras para fazer efeito, ela faz parte de sua visão de mundo, uma filosofia de vida.

O que o motivou a adotá-la?

Tudo começou quando um ente muito querido morreu e Seu Alamir, em uma crise profunda de depressão passou a viver nas ruas como um mendigo. Quando superou esta fase, passou a ajudar outras pessoas.

Sua historia de superação levou-me a solicitar uma entrevista, e ao intuir minha primeira pergunta, ele foi logo dizendo:

"Nem tudo está perdido, as coisas, quando não têm solução, solucionadas estão. Sempre há esperança, aquela luzinha no fim”.

Então, para ilustrar o que dizia, contou-me a seguinte parábola:

“Um burro, muito velho, caiu em um poço. O dono resolveu matar dois coelhos de uma só vez: já que o burro estava velho e o poço seco, resolveu tapar o poço e enterrar o burro. Começou a jogar terra no buraco, mas cada vez que a terra caía sobre o animal, este a sacudia e dava uma passada. A terra foi se acumulando no fundo e o bicho sempre pisoteando-a, ficava acima dela. Resultado final: o burro se salvou.”

Moral da historia, segundo as palavras do Seu Alamir:

“Todos nós temos nossas dificuldades, mas podemos sair delas”.

Fiz uma consideração antes de lhe fazer outra pergunta – de que havia tido um problema e por isso vivia na rua – e ele nem esperou a pergunta, foi logo afirmando:

“Quando eu era um mendigo, não tinha problema, EU era o problema. Um problema social, um problema familiar.”

E continuou explicando seu ponto de vista:

“Hoje a sociedade criou o termo ‘Morador de Rua’. Eu acho isso demagogia. Quando se precisa de um médico, o morador de rua não tem endereço para dar, então não pode ser atendido. A palavra certa é ‘Mendigo’. Palavra de choque. Eu penso assim.”

Palavras de choque, frases fortes, opiniões próprias e talvez polêmicas. Assim se mostrou Seu Alamir.

Antes de ir para as ruas, ele estava estabelecido: tinha um comercio de móveis, foi um dos primeiros a trabalhar com vime na estrada Rio/Petrópolis. Mas com a morte de sua avó, entrou em depressão. Segundo ele, naquela época (anos 70) a depressão não era conhecida como uma doença, e por isso ele não fez tratamento.

“Perdi o gosto pela vida! O ser humano é igual a uma casca de ovo. Separado da casca, da gema e da clara, não é um ovo. Família, trabalho e os grupos que convivemos são um tripé. Se um entrar em conflito, alguém sai perdendo. Entrei em conflito com a família e saí de casa. Esta atitude está enraizada no orgulho: a pessoa se ressente e vai para a rua. Na rua ele diz ‘minha família me abandonou’, então o outros o vêem como um coitadinho. E dão esmola.”

Isto seria um erro, dar esmola?

“Comunidade não tem pivete, não tem mendigo. Aí eles saem e vão para as ruas, onde a sociedade os mantém. A própria sociedade que cobra do governo que há muitos mendigos e pivetes nas ruas! E a família que mais sofre: com o familiar que foi embora e com o julgamento da sociedade. Todo mendigo se esconde da família – ninguém é mendigo na rua em que mora. Para sua família, ele é uma vergonha: foi para a rua porque quis.

O mendigo não se acha um, só descobre quando deixa de ser.

Para mim eu vivia uma vida normal. É muito difícil sair da rua. Eu mesmo não queria.”

Qual seria vantagem de ser um mendigo?

“Eu nunca passei fome. Dormia na hora que queria – no albergue tudo tem hora. E na rua a gente ainda ganha uns trocados.

Sobre o comportamento do mendigo de um modo geral, disse Seu Alamir:

“Todo mendigo é orgulhoso. Ser humilde é uma coisa, ser pobre é outra. Quando oferecem ajuda, ele aceita, mas pensa: Não estou te pedindo nada!”

Fim da primeira parte, continua no próximo texto